quinta-feira, 21 de agosto de 2014

LOROTAS DE PEDRO MARQUES (Por Brás da Viola)



O primeiro casamento de Pedro

É como diz o provérbio “A vida é uma piada, só quem não tem bom humor não acha a vida engraçada”. No contexto desta lorota vamos a uma cidadezinha interiorana, conhecida como Coronel Murta em Minas Gerais. Pedro Marques nasceu nesta cidade, na localidade de Comercinho do Bruno. Ali foi criado numa fazendinha de propriedade do seu pai Juscelino, logo depois se mudou para a cidade. Começou a trabalhar na construção de alambiques e conserto de armas de fogo, isso nos seus 18 aos 30 anos. O mesmo conhece uma mulher muito bonita, porém, já era mãe de uma linda criancinha. Naquela época quando a moça “se perdia” ficava mal falada e era discriminada pela sociedade. Para acontecer o casamento a moça tinha que ser virgem, se fizesse o casamento e na lua de mel o noivo percebesse que a moça não era intacta, sem choro e sem piedade a donzela falsa era devolvida aos pais. Esse ato era considerado como de cabra-macho. O cientista autodidata começou a namorar essa tal moça já desvirginada e mãe de um filho; amasiou com ela e juntos viveram uns cinco anos. Pedro Marques sempre querendo largá-la, alegando que já a conheceu sendo “vida torta”, sempre no plano de abandoná-la, inclusive o filho já o chamava de papai. O pai da moça queria que o Pedro assumisse sua filha, chegando a lhe prometer até uma casa para morar. O autodidata dos autodidatas montou um armazém que era gerenciado pela sua mulher. Ela o amava, queria viver com ele, mas não era correspondida. Até que o Pedro gostava dela, mas a sua honra de cabra-macho estava em jogo; olha só... Ele é amigado com uma “mulher da vida”, assim o gozavam, esse era o pseudônimo que se dava a uma moça com filho sem pai, “puta de cabaré”, que ditadura! Os anos foram passando e o cientista autodidata elaborou um plano mirabolante para separar da indesejada esposa. Observem que astúcia de um catedrático cientista. Naquela região temos o rio Jequitinhonha e o que fez Pedro? Arquitetou um afogamento fajuto, levantou bem cedo, ainda de madrugada e foi à beira do rio, retirou as calças, sapato e camisa, deixando-os no barranco, para dar a impressão que ele estava tomando banho; pegou sua camisa e a enganchou numa moita de “arranha gato” às margens do rio, vestiu novas roupas, novos sapatos, passou a mão na mala e se mandou para a cidade vizinha Araçuaí a pé. Andou mais de 50 km até chegar ao destino. Quando o dia amanheceu, a esposa procura pelo Pedro na cama e nada, vai até o banheiro e não encontra seu amado, pensou que o mesmo estivesse coando o café, lá na cozinha e lá também não estava o Pedro. Ela desceu a ribanceira e foi à barranca do rio e logo de cara viu as roupas por ali, os sapatos com a camisa enganchada na moita de “arranha gato”, então ela começa a chorar e grita o pai: - Papai! Papai! Venha! Meu amado Pedro foi tomar banho e morreu afogado. Vieram mergulhadores, corpo de bombeiro, polícia militar, pescadores e amigos, vasculharam o rio e não encontraram o suposto corpo. Muito choro pela família que logo mandou celebrar a missa do sétimo dia; fizeram até umas lembrancinhas com a sua foto e uma frase: Pedrinho sempre no coração! Na missa o padre comentou em relação de não ter encontrado o corpo do suposto afogado e encomendou sua alma a Deus. A viúva (abandonada) continuou a vida com o armazém. Um belo dia passa um vendedor de Araçuaí para vender alguns utensílios; troca de idéias pra lá e pra cá, a viúva comenta sobre a tragédia e a mesma tem uma surpresa quando disse o vendedor: - Esse Pedro é um baixinho conversador que fabrica alambique e conserta arma de fogo? Exatamente! Ele está muito vivo, mora em Araçuaí e está noivo. Vai se casar a semana que vem com uma moça de Virgem da Lapa! A mulher ficou surpreendia com tal afirmação e simplesmente desmaiou! E o Pedro? Ta casado até hoje com a noiva que é a sua amada esposa D. Tudinha, minha mãe. Eu gostei! Pois, se não fosse todos esses acontecimentos eu não seria seu filho.