O
primeiro casamento de Pedro
É como diz o provérbio “A vida é uma piada,
só quem não tem bom humor não acha a vida engraçada”. No contexto desta lorota
vamos a uma cidadezinha interiorana, conhecida como Coronel Murta em Minas Gerais. Pedro
Marques nasceu nesta cidade, na localidade de Comercinho do Bruno. Ali foi
criado numa fazendinha de propriedade do seu pai Juscelino, logo depois se
mudou para a cidade. Começou a trabalhar na construção de alambiques e conserto
de armas de fogo, isso nos seus 18 aos 30 anos. O mesmo conhece uma mulher
muito bonita, porém, já era mãe de uma linda criancinha. Naquela época quando a
moça “se perdia” ficava mal falada e era discriminada pela sociedade. Para acontecer
o casamento a moça tinha que ser virgem, se fizesse o casamento e na lua de mel
o noivo percebesse que a moça não era intacta, sem choro e sem piedade a
donzela falsa era devolvida aos pais. Esse ato era considerado como de
cabra-macho. O cientista autodidata começou a namorar essa tal moça já
desvirginada e mãe de um filho; amasiou com ela e juntos viveram uns cinco
anos. Pedro Marques sempre querendo largá-la, alegando que já a conheceu sendo
“vida torta”, sempre no plano de abandoná-la, inclusive o filho já o chamava de
papai. O pai da moça queria que o Pedro assumisse sua filha, chegando a lhe
prometer até uma casa para morar. O autodidata dos autodidatas montou um
armazém que era gerenciado pela sua mulher. Ela o amava, queria viver com ele,
mas não era correspondida. Até que o Pedro gostava dela, mas a sua honra de
cabra-macho estava em jogo; olha só... Ele é amigado com uma “mulher da vida”,
assim o gozavam, esse era o pseudônimo que se dava a uma moça com filho sem
pai, “puta de cabaré”, que ditadura! Os anos foram passando e o cientista
autodidata elaborou um plano mirabolante para separar da indesejada esposa.
Observem que astúcia de um catedrático cientista. Naquela região temos o rio
Jequitinhonha e o que fez Pedro? Arquitetou um afogamento fajuto, levantou bem
cedo, ainda de madrugada e foi à beira do rio, retirou as calças, sapato e
camisa, deixando-os no barranco, para dar a impressão que ele estava tomando
banho; pegou sua camisa e a enganchou numa moita de “arranha gato” às margens
do rio, vestiu novas roupas, novos sapatos, passou a mão na mala e se mandou
para a cidade vizinha Araçuaí a pé. Andou mais de 50 km até chegar ao destino.
Quando o dia amanheceu, a esposa procura pelo Pedro na cama e nada, vai até o
banheiro e não encontra seu amado, pensou que o mesmo estivesse coando o café,
lá na cozinha e lá também não estava o Pedro. Ela desceu a ribanceira e foi à
barranca do rio e logo de cara viu as roupas por ali, os sapatos com a camisa
enganchada na moita de “arranha gato”, então ela começa a chorar e grita o pai:
- Papai! Papai! Venha! Meu amado Pedro foi tomar banho e morreu afogado. Vieram
mergulhadores, corpo de bombeiro, polícia militar, pescadores e amigos,
vasculharam o rio e não encontraram o suposto corpo. Muito choro pela família
que logo mandou celebrar a missa do sétimo dia; fizeram até umas lembrancinhas
com a sua foto e uma frase: Pedrinho sempre no coração! Na missa o padre
comentou em relação de não ter encontrado o corpo do suposto afogado e
encomendou sua alma a Deus. A viúva (abandonada) continuou a vida com o
armazém. Um belo dia passa um vendedor de Araçuaí para vender alguns
utensílios; troca de idéias pra lá e pra cá, a viúva comenta sobre a tragédia e
a mesma tem uma surpresa quando disse o vendedor: - Esse Pedro é um baixinho
conversador que fabrica alambique e conserta arma de fogo? Exatamente! Ele está
muito vivo, mora em Araçuaí e está noivo. Vai se casar a semana que vem com uma
moça de Virgem da Lapa! A mulher ficou surpreendia com tal afirmação e simplesmente
desmaiou! E o Pedro? Ta casado até hoje com a noiva que é a sua amada esposa D.
Tudinha, minha mãe. Eu gostei! Pois, se não fosse todos esses acontecimentos eu
não seria seu filho.