O gigante Golias e o
boticão
Certo dia de uma semana qualquer do mês de setembro, ano de
1989, às 02h45m, a lua brilhava na imensidão de um céu estrelado. O nosso amigo
Adonias (hoje vereador), filho do Sr. Ranulfo Félix, que na época eram moradores
na fazenda Dos Padres, estava há duas semanas sem dormir, com uma dor de dente
daquelas. Ele levantou gemendo de dor, arriou sua mula preta boa marchadeira e
veio pra Jaíba a conselho da esposa. Ela disse: - vai meu bem e manda o Pedro
Marques “arrancar” esse danado.
Quando o Adonias chegou era por volta das 03h50m daquela
madrugada. Já desceu gritando e gemendo, “ai, hum”! “Ai hum”! “Ai hum”. Todos
sabem que o Sr. Adonias tem mais de dois metros de altura, um homem gigante.
Ele clamou por socorro tocando a campanhinha: “Ô Pedro, Pedro dentista, me
acode, arranca esse dente pra mim, pelo amor de Deus”. Pedro Marques colocou a
cabeça pelo lado de fora da janela e disse: “como que pode, isso é hora de
acordar o autodidata cientista”?
Em pleno gozo do seu descanso noturno, esbaforiu ao cliente
indesejado, “Não vê que estou descansando meus tórax pulmonares, eu estava
sonhando com o Jaibaheurecaelectroterapianticanceromorfético e você me
acordou”. - O que você quer Golias? Oh! Dr. Pedro, eu pago o preço que for, mas
tenha piedade de mim, me arranca esse dente que não me deixa dormir ha duas
semanas.
“Vem cá, entra e assenta na cadeira que eu vou examinar seu
mastigante”, disse o catedrático cientista. Quando Adonias assentou na cadeira,
o “doutor” devido a sua baixa estatura não alcançou a queixada do gigante
Adonias, e gritou:- “Algum filho de Deus me traga o tamborete pra eu subir, o homem
é muito grande e não estou alcançando sua mastigação, desse jeito não vai dar
pra aliviar a dor desse dente cheio de periculosidade. Só o cientista
autodidata Pedro Marques que dá jeito numa jamanta dessas, se trata de um dente
pré-histórico.
Doutor Pedro subiu no tamborete e começou anestesiar aquele
dente “empestiado”. Anestesia pra lá, anestesia pra cá, Adonias gemendo, até
que, com o boticão Pedro Marques abraçou toda a extensão territorial do dente.
Neste exato momento com a dor transpassada Adonias levantou da cadeira, gemendo
e bufando igual um touro. Pedro Marques ficou dependurado e ancorado ao
boticão, Pedro Marques gritava: “balança, balança, vai... balança Adonias,
sacode... é como se fosse um terremoto. Com a extremidade do corpo sólido e esférico
bucal, gengival e ósseo você vai ver o tamanho do troféu nas garras do
boticão”.
Depois de tanto balançar com Pedro Marques dependurado ao
boticão o dente foi arrancado; quando Adonias ainda gemendo perguntou para
Pedro Marques, - Doutor, que remédio eu devo tomar? Pode tomar dipirona em gotas. Quantas gotas Doutor? “Pelo
seu tamanho pode tomar o vidro inteiro”.