CÓPIA do acordo feito em Matias Cardoso
Em Jaíba, ninguém confirma ou denuncia na justiça, mas,
todos sabem que houve um grande “acordo” nas últimas eleições municipais, mais
conhecido como “pacto do demônio” em que foram negociados vários bens,
compromisso de apoiar financeiramente um candidato a deputado federal,
loteamento de várias secretarias da prefeitura, e ferrenhos inimigos políticos
voltando a abraçar, visando o poder, e o dinheiro fácil.
Se um dia esta prática ilícita e caracterizada como compra
de votos vir à tona, sérios problemas judiciais e ou eleitorais causarão dor de
cabeça pra muita gente. No vizinho município de Matias Cardoso, caso não tão
escandaloso como o de Jaíba, começa a ser divulgado e com chances de ir parar
na justiça.
Veiculou na internet, desde o mês passado um documento
(cópia ao lado) com o título ‘termo de responsabilidade’ em que o atual
prefeito de Matias Cardoso, Edmárcio Moura Leal (PSC), diz explicitamente e com
firma reconhecida, que, se eleito for, se “compromete em colocar à disposição
do Partido Popular Socialista (PPS), a quantia de três secretarias”. Se for
verdadeiro, o 'termo' reduz as tratativas entre os partidos ao pântano das
negociatas. Mas o documento é controverso.
O documento foi assinado em 24 de junho do ano passado, na
esteira das conversas e movimentações que antecederam as convenções partidárias
para a disputa da sucessão municipal daquele município. O ‘termo de
responsabilidade’ diz que o PPS será o mandatário das secretarias municipais de
Cultura, Saúde e Educação. “Fica ainda estabelecido que a Secretaria de
Educação seria preenchida pelo senhor Pedro Cristóvão de Souza Lima, presidente
do PPS”.
Pedro Cristóvão vem a ser o Professor Tó, que atuou de forma
ativa na emancipação desta cidade e que era um dos pré-candidatos a prefeito de
Matias Cardoso e que efetivamente desistiu da empreitada para apoiar a ainda
nascente candidatura do agora prefeito Edmárcio. O documento que mostra as
negociações entre o Professor Tó e Edmárcio recebeu o status de fé pública ao
receber o carimbo do notário Álvaro Fernando de Souza, do Cartório Jaíba.
O processo de impugnação da candidatura do prefeito Edmárcio
pode tramitar na Comarca de Manga. Por enquanto, a peça está sob a análise do
Ministério Publico Eleitoral local. A denúncia de suposto acordo eleitoral
espúrio foi oferecida pelo segundo colocado nas eleições de 2012, Juarez Alves
Pereira (PSDB), que recebeu cerca de 30% dos votos válidos.
Curiosa ou estranhamente, o reconhecimento da ‘firma’ de
Edmárcio Leal foi requisitada quase um ano depois da data que conta no documento.
O Professor Tó diz que tomou a providência com atraso, para evitar dúvidas
quanto à exatidão do documento. O partido PPS de Tó Lima foi um dos sete
partidos que colaboraram para a eleição do atual prefeito.
Informações dão conta de que o prefeito Edmárcio já
apresentou sua defesa ao processo. O principal argumento dos seus advogados é
de que o acordo foi firmado quando ele ainda não tinha homologado sua
candidatura na Justiça Eleitoral e que, por isso, mesmo não tinha como prometer
nada a ninguém – nem mesmo com firma reconhecida em cartório.
O prefeito Edmárcio alega ainda que não cumpriu o tal acordo
e que o PPS não faz parte do seu governo - o que seria prova de que ele não
vinculou o apoio a esse tipo de apoio. O prefeito diz também que está bastante
tranquilo com o resultado do processo, já que não houve a materialidade do
acordo. A estratégia dos advogados do prefeito de Matias será a de
desqualificar o ‘termo de responsabilidade’, que ainda que fosse verdadeiro não
teria nenhum valor legal.
Segundo Tó, o prefeito Edmárcio se distanciou do PPS logo
depois de ter sido eleito. Ele conta que reuniu o partido, que elegeu três dos
nove vereadores do município, no final do ano passado, para discutir a
participação no governo Edmárcio. “Logo depois ficamos sabendo que as
secretarias já estavam todas ocupadas e o PPS estava de fora da administração”,
reclama Tó. Foi nesse mesmo encontro que ele mostrou e distribuiu cópias do tal
‘termo de responsabilidade’. O documento vazou e foi cair nas mãos de adversário
do atual prefeito, propiciando um possível processo de impugnação.
O Professor Tó disse que na época em que ele assinou o
documento, entendia que era um acordo
político, “mas o que ele me deu foi um cheque sem fundos”, reclama o presidente
do PPS, para quem o ex-aliado e agora prefeito de Matias é “um desastre
político e agora tem o futuro político arrebentado”.
Em Jaíba, possível
acordo está sendo cumprido
A diferença do caso de Matias Cardoso para Jaíba, é que, é
que em Jaíba, o “acordo” está sendo fielmente cumprido e visivelmente observado
por todos, onde secretarias municipais estão sendo ocupadas por pessoas e
partidos políticos que nem sequer participaram da coligação para eleger o atual
prefeito na última eleição.
Como não existe crime perfeito, é esperada a hora dos
antigos e ferrenhos inimigos políticos voltarem a se desentenderem e o “pacto
do demônio” vir a público para o justo conhecimento de todos cidadãos e cidadãs
jaibenses. (colaboração de Luis Cláudio
Guedes).
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