O uso de rochas moídas, ou pó de
brita como alternativa aos fertilizantes químicos solúveis foi tema do simpósio
sobre Rochagem na sede da Codevasf, em Brasília, neste mês. A tecnologia, que
já é uma realidade em muitos sistemas de produção agrícola sustentável, em
especial entre agricultores familiares do sul do Brasil, está em conformidade
com os princípios agroecológicos e serve como uma opção viável de recuperação
de solos tropicais degradados.
O evento promoveu uma discussão –
entre técnicos da Codevasf, Embrapa e da Universidade de Brasília.
A ideia é agregar ao agricultor
familiar uma matéria-prima que seja de baixo custo e disponível na região de produção,
eliminando a dependência desses agricultores da importação de fertilizantes,
que são em sua maioria importados.
O projeto piloto, ainda está em
fase de formatação, e a região escolhida para aplicar esse projeto piloto com
os agricultores foi uma parte do perímetro de irrigação Baixio de Irecê (BA)
com pouca fertilidade, que são as areias do rio São Francisco.
Rochagem - Pode ser entendida como
um processo de rejuvenescimento ou remineralização do solo, mediante a adição
de pó de rocha (ou seus subprodutos), desde que contenha quantidades
consideráveis de macro e micronutrientes necessários ao pleno desenvolvimento
das plantas.
A geóloga e pesquisadora do CPRM explica
que o material produzido a partir de determinadas rochas permanece no solo e
oferece ao longo do tempo os nutrientes necessários ao desenvolvimento das
plantas, enquanto os fertilizantes químicos solúveis são levados pela primeira
chuva, sem garantia de que as plantas aproveitem os nutrientes.
“As rochas têm molibdênio, cobre, vanádio,
sílica, uma série de outros elementos que, mesmo em pequenas quantidades, são
importantes. A banana e o mamão dependem muito de potássio, já o morango
depende muito do molibdênio”, exemplifica a geóloga.
Mas a geóloga ressalta que não se
pode moer qualquer rocha para usar na produção de alimentos. “Essas rochas
devem ter uma certificação de que não possuem elementos nocivos à saúde e que
realmente contribuem para a nutrição da planta”, diz.