sábado, 18 de maio de 2013

Festa rendeu muito dinheiro, mas destinado a quem? (por Elton Paixão)


Muitos trabalharam, muitos gastaram, mas parece que poucos lucraram. Este foi um dos maiores comentários sobre a festa da banana que aconteceu quando o jovem município jaibense completava seus 21 anos de idade no mês passado. O evento, que já foi conhecido como a “Festa Nacional da Banana”, aconteceu de forma tímida e até mesmo duvidosa sobre a arrecadação de vendas de ingressos, onde houve uma confusão generalizada sobre os preços, em que as “autoridades” organizadoras divulgaram um preço e na realidade cobraram um valor bem maior, o dobro.
A perplexidade maior estampada no rosto da população local é o destino final dos recursos da venda dos ingressos que na realidade ninguém explica e ninguém entende onde está ou pra onde foi um volume enorme de arrecadação. Dentre os vários pontos de venda antecipada de ingressos, apenas na Drogaria Saúde na área central da cidade foram vendidos 3 mil ingressos, sendo que a venda maior foi executada nas bilheterias do parque de exposições, onde formaram gigantescas filas. Ingressos que multiplicados ao valor de R$20,00 dá uma somatória considerável.
Como a festa é pública, paga com o dinheiro público, fica realmente muito difícil de entender o destino final de tão volumoso recurso. Em festas da banana anteriores, nesta cidade a Prefeitura local, responsável diretamente pelo evento chegou a transferir a responsabilidade da venda de ingressos para entidades filantrópicas como Rotary Clube e Apae, onde estas ficavam com parte do recurso e documentavam os valores vendidos. Uma atitude onde pelo menos havia conhecimento do real valor arrecadado. Ao contrário desta última que o montante de dinheiro é de conhecimento apenas do organizador e de sua turma.

Ministério Público regulamentou a festa
Como prova de que é uma festa pública, com recurso público, o Ministério Público desta comarca, através do Promotor de Justiça Jean Ernane Mendes da Silva, interveio e formalizou junto com o prefeito de Jaíba, onde este assinou um Termo de Ajustamento de Conduta – TAC pré estabelecendo requisitos para a execução do evento. Dentre as determinações do documento, o prefeito organizador da festa obriga-se a não realizar qualquer espécie de propaganda política, ainda que indireta, na referida festa.
O Termo de Ajustamento de Conduta determina também que, em todos os dias da festa da banana, qualquer pessoa que suba no palco deverá abster-se de fazer elogios e ou agradecimentos pessoais, ainda que de forma disfarçada à pessoa do prefeito de Jaíba, sob pena de ofensa ao princípio da impessoalidade e configuração de ato de improbidade administrativa, uma vez que a festa é pública.
Foi determinado através deste documento, que todos os locutores, apresentadores e cantores da festa sejam orientados a não descumprirem o acordo firmado e assinado pelo chefe do executivo local, seus advogados e o Ministério Público.
O não cumprimento deste acordo gerava ou gerou, uma multa de 50 mil reais que deverá ser depositada na conta corrente da Apae de Jaíba. Ainda não se sabe se o acordo foi cumprido fielmente.

Preços salgados e ingressos reajustados
A festa da banana, que já teve como objetivo maior o entretenimento e lazer da população jaibense, tornou-se um grande comércio, onde poucos faturam. Os donos de barracas, todos desconhecidos (forasteiros) reclamam do alto custo cobrado para montar suas instalações dentro do parque de exposições daí tem que vender produtos de baixa qualidade e preços muito salgados.
A organização da festa, temendo que fosse pouca gente resolveu inovar e usou apenas a metade da área livre do parque de eventos. O palco foi instalado mais perto dos portões e o local das barracas também foi antecipado de forma que o parque ficasse ou parecesse lotado.

Um culpado pela desordem da festa
A prefeitura de Jaíba tentou arranjar um culpado pela falta de organização da festa, chegando até mesmo a tentar jogar a culpa em alguns vereadores, alegando que estes estavam contra a realização do evento. A festa começou dia 25 de abril, e pendências sobre a licitação do evento veio a resolver no dia 22, ou seja, três dias antes.
Uma empresa que participou da licitação e não venceu, descobriu que a vencedora estava ilegal e entrou com recurso questionando, conforme consta na ata, a falta de documentos como: Alvará de Localização, Atestado de Capacidade Técnica, e Certidão de Quitação do Crea pessoa jurídica. Documentos exigidos conforme o edital licitatório. Esta licitação que aconteceu na sala do gabinete do prefeito teve a presença de representante do Ministério Público.

Festa do limão em Matias de graça
Como exemplo de festa pública, com dinheiro público, pode observar o vizinho município de Matias Cardoso, que inclusive tem contado com apoio governamental como o Ministério do Turismo para patrocinar os eventos festivos quando também comemora o aniversário do município, que coincidentemente é a mesma data de Jaíba.(foram emancipados juntos).
A Festa do Limão que é comemorado neste município nunca foi vendido ingressos, e não impera o ganho fácil de dinheiro por alguns.