O impacto do uso de
defensivos agrícolas na saúde mental do trabalhador que manuseia essas
substâncias ainda é pouco conhecido. Como forma de alertar a população sobre os
perigos, o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador, em parceria
com a Associação dos Municípios da área Mineira da Sudene, realizou neste mês
um seminário em Montes Claros.
“A exposição rápida
ou prolongada de agricultores aos pesticidas pode causar neuropatias e
distúrbios psíquicos que se não tratados podem levar ao suicídio”, diz Thereza
Christina Silveira, especialista em enfermagem do trabalho. De acordo com a
enfermeira, ainda não há dados específicos relacionados ao Norte de Minas, mas
estudos feitos no Mato Grosso do Sul e na cidade mineira de Luz constatam que o
suicídio entre agricultores é maior do que a média geral da população, o que
gera bastante preocupação com o tema.
“Temos políticas públicas
voltadas para a legislação de venda, devolução de vasilhame e outras situações,
mas precisamos de políticas mais assertivas que cobrem uma maior fiscalização”,
alertou.
A professora de saúde
mental e coletiva da Unimontes, Rosângela Silveira, alerta que o maior problema
está relacionado à falta de dados. “Tem que haver uma sensibilização dos
médicos que fazem o atestado de óbito. A subnotificação dificulta fazer um
estudo epidemiológico na população e este é um complicador”, declarou.
O Centro de Referência
Regional em Saúde do Trabalhador tem sede em Montes Claros e atende a mais 11 municípios
da região. Sabrina Araújo Melo, coordenadora do órgão, destaca que só no
primeiro quadrimestre foram atendidos, direta ou indiretamente, mais de três
mil trabalhadores.