quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Concurso público para vagas irregulares em Jaíba e outros municípios da região

A justiça está de olho em prefeitos do Norte Minas que estão fazendo uma verdadeira festa com a promoção de empregos irregulares para seus afilhados políticos. A Jaíba está nesta lista que, por determinação do Ministério Público deverá logo no início do próximo ano promover amplo concurso público para preencher grande número de vagas ocupadas irregularmente.
A farra dos cabides de empregos pode estar perto do fim, sendo que setenta e oito municípios desta região foram convocados a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), para realização de um concurso público conjunto, ainda no primeiro semestre de 2015.
O objetivo do “concursão” é acabar com as contratações irregulares tanto nas prefeituras quanto nas Câmaras Municipais de todas estas cidades. Inédita, a medida pode ser estendida para outras regiões de Minas.
Segundo o coordenador regional de Defesa do Patrimônio Público do Norte de Minas, promotor Paulo Márcio da Silva, atualmente as prefeituras da região mantêm a maioria de seus servidores com contratos precários. “Em alguns casos, de 60% a 70% dos funcionários são contratados”.
O promotor afirma que são comuns no Norte de Minas as contratações em troca de favores políticos. “A prefeitura contrata direto, sem concurso público, e esse pessoal vira cabo eleitoral do prefeito. Isso desvirtua, não profissionaliza a administração pública, que vira cabide de emprego”.
Com a assinatura dos TACs, o prefeito que admitir servidor sem concurso público a partir do segundo semestre de 2015 será penalizado. O promotor ainda reforça que a lei apenas prevê contratações em situações excepcionais para atender demandas emergenciais, como em casos de calamidades. “E os prefeitos acabam adotando o contrato como regra”, critica.
Os cargos em comissão criados por lei são permitidos. “O que não pode são contratações irregulares para atividades típicas do serviço público, como motorista, gari, merendeira, professor, enfermeiro, médico. Todos que não forem contratados por concurso a partir do próximo ano e que, portanto, estiverem em desacordo com a lei, gerarão consequências para o prefeito”.
Caso os gestores insistem nesta prática irregular, os servidores deverão ser afastados e o prefeito será responsabilizado pessoalmente. Para quem não se adequar ao Termo de Ajustamento de Conduta, será deflagrado representações no âmbito do Tribunal de Contas. O prefeito envolvido poderá inclusive ter que ressarcir as remunerações indevidas aos cofres públicos e ser enquadrado na lei da ficha limpa.

Unimontes aplicará as provas únicas para todos os municípios
Os municípios envolvidos estão realizando levantamentos para saber ao certo quantos são os contratados que deverão ser dispensados nestas 78 prefeituras para chegar ao total de vagas que serão abertas no processo seletivo. Em princípio, o concurso está previsto para maio do ano que vem.
Todo o trabalho está sendo feito em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros. A Unimontes fez as diretrizes para elaboração dos planos de cargos, carreiras e vencimentos nestes municípios envolvidos no processo. Com base nelas, eles vão fazer os editais dos concursos.
O cronograma completo do “concursão” que abrangerá todos com vagas pré-determinadas para cada cidade não foi elaborado porque há municípios que ainda não formalizaram a adesão ao Termo de Ajustamento de Conduta. Mas foi estabelecida a data de 27 de fevereiro de 2015 como limite para que as 78 administrações concluam os projetos de lei prevendo a realização do concurso, e os aprovem nas Câmaras Municipais.
A associação dos  municípios desta região acredita que o “concursão” deve promover uma redução de cerca de 24% no número de funcionários públicos existentes nos municípios participantes. Ainda assim, afirma que a prestação de serviço para população será melhor porque vai ter um corpo de servidores mais qualificados, que de fato terão o perfil para o cargo demandado.

Segundo o secretário da Amams, a medida também vai reduzir a pressão política que os prefeitos sofrem para oferecem cargos públicos em troca de favores.