Pedro e
a água de sabão
Dizem que sorrir é o melhor remédio. Falar
das proezas do autodidata Pedro Marques é mandar a tristeza embora, é um
bálsamo para aliviar as tensões e o stress do dia-a-dia. Em 1982, ele começa a
sua carreira política definitiva, até então era apenas um simples “cabo
eleitoral”. E Pedro, engajado na campanha do então candidato a governador de
Minas, o saudoso Tancredo Neves; começa tomar gosto pela coisa e ensaia a fazer
reivindicações para o município. Jaíba não possuía água encanada, além do mais,
a gente bebia uma água salobra e poluída, não tinha a Copasa para prepará-la
como devia. Tancredo ganha as eleições e Pedro vai até Belo Horizonte fazer as
devidas exigências. Só mesmo um cientista para matutar o seguinte relato. Ele
vai até o rio Verde e enche cinco garrafas plásticas com água e as mistura com
um pouquinho de sabão em pó, formando um álibi para a prova do “crime”.
Chegando a BH, ele é recebido no gabinete pelo então deputado federal Manoel
Costa que o leva até Tancredo Neves. Chegando lá ele cumprimenta o governador e
logo diz: - Veja só governador o tipo de água que meu povo bebe, haja remédio
pra curar tanta “caganeira” daquela gente! O Governador não sabia que na água
tinha sabão e resolveu beber um pouquinho, abriu uma garrafa e serviu para ele
e o deputado. Tancredo degustou aquela água e disse: - Que água diferente! Tem
gosto de sabão, o deputado assim também comentou quando Pedro Marques
inteligentemente disse: - O rio Verde tem lavadeiras de fora a fora, só se vê
espuma de sabão! Leitor acredite! Não demorou muito e Tancredo Neves trouxe o
serviço da Copasa para este município. Parece brincadeira, mas isso é verdade.
Logo mais, o Pedro candidata a vereador e se tornou o mais votado do município,
isto por Monte Azul. Para se ter uma ideia da votação, num universo de dois mil
eleitores ele obteve 705 votos, concorrendo com mais de 20 candidatos daqui.
Depois, Ele foi reeleito por Jaíba já emancipada. Não demorou muito, com seis
meses de mandato instalaram um processo legislativo para cassá-lo, alegando que
o mesmo tinha insanidade mental. O delegado Mesquita, diante de suas funções
que lhe foram atribuídas, recebe uma ordem do juiz para levar o Pedro à capital
mineira para exames preliminares psíquicos, visitando um especialista. E mais
uma novela! Pedro Marques chega ao consultório e o médico começa a indagá-lo: -
O Senhor é doido? Sim, muito doido por minha esposa que eu tanto amo e minha
família, respondeu! - O Senhor já tomou alguma queda? Talvez sofresse um
traumatismo craniano? -Uai doutor... O Senhor está achando que eu sofro de
epilepsia? As únicas quedas que sofri eu ainda era adolescente, quando cai de
paixão por uma morena que não me quis, depois cai de um pé de manga a procura
de um fruto maduro, exclama! - Estão querendo lhe cassar... Por quê? Ele responde
ao médico: - A excelência conhece Aroldo de Dú? Ele é o meu suplente, quer me
extorquir a verbazinha do subsídio da vereança, levou uma fumada e agora quer
assumir no tapetão, me classificando como doido. Responda-me... Quem é mais
doido? O assaltante ou a vítima? Eu sou normal doutor; nunca joguei pedra em
ninguém, nem tão pouco solto pipa sem linha e nem suspendo saia de velha!
Agora, se for a saia de uma menina novinha até o senhor que é besta funda
dentro. Nunca coloquei fogo em dinheiro e nem mijo fora do pinico. Já soado e
tenso continua dizendo: - O vereador João Maria na sua fúria incontida quebrou
a tribuna da câmara e ninguém fala nada; quem é mais doido? Reponda-me? Pedro
Marques ou João Maria? O médico relata: Se todo doido fosse como este o mundo seria
diferente! Nada consta. Pedro afastou da política por sua livre e espontânea
vontade.