terça-feira, 16 de setembro de 2014

LOROTAS DE PEDRO MARQUES (Por Brás da Viola)

A tragédia para arrancar um dente

Sabemos que durante muito tempo Pedro Marques exerceu a profissão de dentista prático, começando extrair dentes em Araçuaí - Minas Gerais. Debaixo de um pé de manga começava a nascer o Pedro Dentista. Começou a executar seu trabalho nas bocas dos avós, tios, irmãos e cobaias daquela cidade e região. Primeiro ele deixou toda família banguela, dizia ele que a lição vinha primeiro de casa, depois os de fora! Estando ele em pleno exercício da profissão, próximo a um curral, vejam o que aconteceu. Seu avô sentado em uma tora de madeira com a boca escancarada totalmente anestesiada, gemia e dizia - Pedro é para “arrancar” só dois dentes. Exatamente, só faltam dois. Vinte e cinco já estão debulhados igual caroço de milho, responde. Mas voltando pra Jaíba, quem não conhece José Amaro? Irmão de Osvaldo do caminhão? Assim que o Pedro mudou para a Jaíba começou o seu trabalho; tendo como primeiro cliente o “Zé”. Em uma noite chuvosa, Zé Amaro não dormia com uma dor de dente insuportável. Assim que o sol raiou, Pedro é procurado pelo irmão de Osvaldo para arrancar o dente. Tudo pronto, dente anestesiado e o saudoso Chico Leite, na época sogro deste cliente especial. Segurando a queixada da vítima para não trincar a estrutura óssea do agoniado,  Pedro Marques gritava: - segura Chico Leite, o moço tem os dentes como se fosse de jegue. Quando o boticão, que se tratava de uma turquesa toda enferrujada abraçou um dos dentes, mais precisamente o canino, Pedro exclamou: - Segura “Zé”! Que Jeová tenha piedade de sua alma! Se caso você morrer a mulher recebe o dente numa caixa de fósforos como recordação. Neste momento, com a força exposta para extrair o dolorido, o boticão escapole da mão e cai no chão... sem esterilizar, todo sujo Pedro o leva novamente à boca da vítima, que levanta e diz: “epa”, “pera ai” esse alicate está infectado de micróbios, ao menos lave o maldito! Responde o catedrático cientista: Você acha que depois de uma queda dessa alguma bactéria sobrevive? Se coloque no lugar. Se você pular de um prédio de dez andares você sobrevive? Então, a comparação é perpendicular a queda do boticão, não tem como sobreviver diante de uma catastrófica queda maquiavélica! Moral da história: José Amaro teve os dentes cem por cento “arrancados”, sem vela, sem rosário e sem reza, tudo isso no altar do gabinete do cientista Pedro Marques de Oliveira. Antes do mesmo ir para casa recebe instruções: - Escuta, eu extrai todos os dentes logo de uma vez, assim acaba seu sofrimento, nunca mais vai ter dor de dente! Agradeça ao maior cientista de todos os tempos! Gente, sangue era o que Deus dava, lambuzando boca, nariz, orelhas e nas roupas. Zé Amaro ficou mais de seis meses tomando sopa de canudinho e chupando gelo. Passado um bom tempo, o cliente é chamado para fazer as dentaduras, que ficaram formosas. Quando Pedro recebia o pagamento este disse: - Eu trabalho visando o futuro, se não fosse extraído todos os seus dentes eu não estava recebendo o lucro de um outro trabalho que é esta boníssima dentadura...