O político é sempre o mais esperto
O autodidata Pedro Marques é assim: Quando ama, ama demais,
quando odeia, odeia também por demais. Quando Ele exercia o mandato de
vereador, há algum tempo, aconteceram uns fatos inusitados e de dar boas
gargalhadas. Ele foi procurado por um eleitor que disse: - Dr. Pedro me extrai
três dentes que eu lhe dou meu voto. Um outro eleitor muito fuxiqueiro contou
para Pedro Marques que aquele votante iria traí-lo; sendo que o mesmo já tinha
compromisso com seu voto, e já estava batendo com a língua nos dentes que só
queria extrair a dentuça. O que fez Pedro Marques? Quando veio esse eleitor
malandro para ser atendido Ele disse: - Senta na cadeira, que vou te atender
com todo carinho. E assim começou a lamúria. Agulha e anestesia, anestesia e
agulha, tome-lhe boticão... Todos os dentes foram “arrancados” de uma só vez,
os três que estavam doendo e os outros vizinhos que ainda estavam perfeitos. O
eleitor reclama: - Porque você “arrancou” todos? É pra nunca mais você bater
com a língua nos dentes, agora você vai bater com a língua na gengiva, é mais
uma banguela na lista, e fique sabendo que é assim que eu lido com traidor,
some daqui “empestiado” raça de víbora. Além desse e de outros, também Pedro
tinha um cabo eleitoral no Gorutuba... Todo santo dia esse homem vinha
pernoitar em sua casa, e o pior, trazia mais dez amigos. Onde o vereador
cientista e autodidata dizia: - Desse jeito o salário de vereador vai pro
inferno, eu não agüento tanto chupão! Vejam só o que idealizou o esperto
político: Bem de frente à casa do Pedro havia um dormitório, que chamava
DORMITÓRIO SÃO FRANCISCO, de propriedade do falecido Xico Leite. Quando veio
esse cabo eleitoral para pernoitar com mais dez capangas, ouviu do Pedro: -
Escuta aqui seu vivaldino, o dono do dormitório, meu amigo Xico Leite me
procurou, e me disse que vai processar o Galeno Autodidata... Mas por quê?
Indaga-lhe o moço: Diz ele que estou tomando sua freguesia e que eu não tenho
alvará de licença para trabalhar com hospedagem! Finalmente Pedro Marques
conseguiu o que tanto queria! Aquele homem nunca mais voltou, porém, teve um
detalhe que Pedro não esperava: perdeu todos os votos da família do indivíduo e
ainda ganhou mais um pra descer a “ripa”. Na questão de traição eleitoral,
Pedro Marques estava com muito medo de perder as eleições, então ele arquitetou
um plano infalível. O eleitor chegava à sua casa e logo ele pedia o voto com um
juramento assim: Ele abria uma bíblia bem antiga no livro de salmos, o eleitor
colocava a mão e jurava com as seguintes palavras: dizia Pedro com o eleitor
repetindo: Eu fulano de tal, prometo que vou votar no cientista autodidata, e
de maneira nenhuma vou trair, nem por dinheiro e nem por safadeza, se eu pegar
algum dinheiro de outro candidato que traia o outro, não Pedro Marques, eu
quero que meu braço venha secar e que eu fique cego de um olho, em caso de
traição ao autodidata. Já pensou se essa moda pega! Outro plano que é
simplesmente imaginável, mas foi real. A VOZ DIABÓLICA! Era assim: Pedro
Marques pedia o voto com a promessa de dar ao eleitor um presente que podia ser
dinheiro, dentadura, extração de dentes e outros meios. Naquela época tudo
podia, menos perder. O eleitor entrava numa sala, quando de repente saia uma
voz rouca gravada em uma fita-cassete com a rotação do som bem lenta, assim
dizia a voz: Olá eleitor, cuidado! Se você trair Pedro Marques eu estou lhe
esperando naquele lugar, a pessoa tremia igual vara verde em plena tempestade e
jurava... Não! Não! Eu votar é nele, cruz credo! E não é que ele foi vereador
várias vezes? O mundo é dos mais espertos!