BISPO na viatura da
PM
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O bispo José Ronaldo,
61 anos, que foi preso no último dia 19 deste mês, não deixou uma boa impressão
no tocante à parte financeira quando saiu da região Norte Mineira. Foi inclusive
assunto da imprensa regional acusado de manter como seus acompanhantes alguns
garotos que teriam praticado atos delituosos envolvendo dinheiro e eram
conhecidos como “os filhos do bispo”.
A polícia goiana
cumpriu 13 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão nos municípios de
Formosa, Posse e Planaltina, em residências, dependências da diocese e em um
mosteiro da Igreja Católica no estado de Goiás. A operação da polícia que
recebeu o nome de “Caifás” investiga desvios de cerca de R$ 2 milhões por
membros da administração central da diocese de Formosa e de paróquias
associadas.
Os valores desviados
pela cúria são provenientes de dízimos, doações e taxas pagas pelos fiéis para
cobrir batismos, casamentos e outras cerimônias. O Ministério Público passou a
averiguar os fatos após fiéis comunicarem aos promotores a suspeita de
desfalques que teriam sido iniciados em 2015.O nome da operação é uma alusão a
Joseph Caiaphas que, de acordo com a Bíblia, foi o sumo sacerdote que entregou
Jesus a Pôncio Pilatos.
Além do bispo Dom
José Ronaldo, também foram presos mais quatro padres e um monsenhor (título de
honra conferido pelo Papa a pessoa por serviços prestados à Igreja). O bispo
Ronaldo é mineiro de Uberaba.
Dom Ronaldo assumiu a
Diocese de Janaúba (que encampa Jaíba) em agosto de 2007. Ele foi ordenado padre em maio de 1985. Antes
da nomeação como bispo, era padre na Paróquia Imaculada Conceição, em
Sobradinho (DF). Em novembro de 2014, dom José Ronaldo foi transferido pelo
papa Francisco para Formosa.
As suspeitas de
irregularidades financeiras deste bispo em Janaúba não chegaram a ser
investigadas e não houve abertura de nenhum inquérito por parte do seu
sucessor. Quando da permanência do bispo Ronaldo em solo Norte Mineiro surgiram
denúncias que jovens que moravam com Ele na Residência Diocesana estavam
furtando bolsas e carteiras dos fiéis dentro da igreja. Os rapazes tinham sido levados de Brasília
para Janaúba pelo bispo. Este fato foi noticiado por jornal local da vizinha
Janaúba. Na época o líder religioso negou as acusações. Mas houve filmagens dos
furtos durante as missas.
Segundo a polícia
goiana, o grupo criminoso liderado pelo bispo se apropriava de dinheiro oriundo
de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de
eventos como batismos e casamentos.
Conforme relatos da
justiça de Goiás, foram apreendidas caminhonetes da igreja em nomes de
terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, cujo valor ainda
não foi divulgado. Parte do dinheiro foi usada, segundo a investigação, na
compra de uma fazenda de gado e uma casa lotérica. As propriedades foram
colocadas em nomes de laranjas. Contas bancárias dos suspeitos foram
bloqueadas, por decisão da Justiça goiana.
A região da diocese de
Formosa engloba 33 igrejas em 20 paróquias. Por ano, são arrecadados cerca de
R$ 17 milhões por meio de dízimos, doações e faturamento de festas realizadas
por fiéis, além de taxas aplicadas para cerimônias de batismo.
A investigação descobriu,
por meio da quebra de sigilos telefônicos e bancários dos investigados, que
somente um padre investigado tinha saldo de R$ 400 mil em sua conta bancária.