quinta-feira, 22 de março de 2018

Bispo católico que atuou em Jaíba é preso em Goiás acusado de desvio de dinheiro da igreja

                   BISPO na viatura da PM

O bispo José Ronaldo, 61 anos, que foi preso no último dia 19 deste mês, não deixou uma boa impressão no tocante à parte financeira quando saiu da região Norte Mineira. Foi inclusive assunto da imprensa regional acusado de manter como seus acompanhantes alguns garotos que teriam praticado atos delituosos envolvendo dinheiro e eram conhecidos como “os filhos do bispo”.
A polícia goiana cumpriu 13 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão nos municípios de Formosa, Posse e Planaltina, em residências, dependências da diocese e em um mosteiro da Igreja Católica no estado de Goiás. A operação da polícia que recebeu o nome de “Caifás” investiga desvios de cerca de R$ 2 milhões por membros da administração central da diocese de Formosa e de paróquias associadas.
Os valores desviados pela cúria são provenientes de dízimos, doações e taxas pagas pelos fiéis para cobrir batismos, casamentos e outras cerimônias. O Ministério Público passou a averiguar os fatos após fiéis comunicarem aos promotores a suspeita de desfalques que teriam sido iniciados em 2015.O nome da operação é uma alusão a Joseph Caiaphas que, de acordo com a Bíblia, foi o sumo sacerdote que entregou Jesus a Pôncio Pilatos.
Além do bispo Dom José Ronaldo, também foram presos mais quatro padres e um monsenhor (título de honra conferido pelo Papa a pessoa por serviços prestados à Igreja). O bispo Ronaldo é mineiro de Uberaba.
Dom Ronaldo assumiu a Diocese de Janaúba (que encampa Jaíba) em agosto de 2007.  Ele foi ordenado padre em maio de 1985. Antes da nomeação como bispo, era padre na Paróquia Imaculada Conceição, em Sobradinho (DF). Em novembro de 2014, dom José Ronaldo foi transferido pelo papa Francisco para Formosa.
As suspeitas de irregularidades financeiras deste bispo em Janaúba não chegaram a ser investigadas e não houve abertura de nenhum inquérito por parte do seu sucessor. Quando da permanência do bispo Ronaldo em solo Norte Mineiro surgiram denúncias que jovens que moravam com Ele na Residência Diocesana estavam furtando bolsas e carteiras dos fiéis dentro da igreja.  Os rapazes tinham sido levados de Brasília para Janaúba pelo bispo. Este fato foi noticiado por jornal local da vizinha Janaúba. Na época o líder religioso negou as acusações. Mas houve filmagens dos furtos durante as missas.
Segundo a polícia goiana, o grupo criminoso liderado pelo bispo se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos.
Conforme relatos da justiça de Goiás, foram apreendidas caminhonetes da igreja em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, cujo valor ainda não foi divulgado. Parte do dinheiro foi usada, segundo a investigação, na compra de uma fazenda de gado e uma casa lotérica. As propriedades foram colocadas em nomes de laranjas. Contas bancárias dos suspeitos foram bloqueadas, por decisão da Justiça goiana.
A região da diocese de Formosa engloba 33 igrejas em 20 paróquias. Por ano, são arrecadados cerca de R$ 17 milhões por meio de dízimos, doações e faturamento de festas realizadas por fiéis, além de taxas aplicadas para cerimônias de batismo.
A investigação descobriu, por meio da quebra de sigilos telefônicos e bancários dos investigados, que somente um padre investigado tinha saldo de R$ 400 mil em sua conta bancária.