O jovem município
jaibense completa nos próximos dias seus
24 anos de emancipação, mas a sua verdadeira história data de tempos antigos.
Jaíba foi criada em 27 de abril de 1992, após muita luta de um grupo de
moradores locais que inicialmente fundaram uma Associação Pró-Emancipação. A
luta foi árdua, pois Jaíba, nem sequer era Distrito, estava apenas na condição
de Sub-Distrito de Matias Cardoso, que também não era emancipado.
Jahyba –
Jaíba, um vocábulo tupi-guarani que significa água salobra, rio ruim. (desde
aquela época a constatação que a água do rio Verde Grande tem sabor
desagradável). O primeiro morador que fixou residência em Jaíba chegou por aqui
em 1950. O senhor Teodósio Cardoso, juntamente com sua esposa, dona Teodora, e
dois filhos legítimos, Roque Cardoso e marinho e mais outro filho adotivo, de
nome Saturnino, foram os primeiros moradores.
A vinda desta
família para Jaíba assemelha-se com a história do personagem bíblico Noé que
construiu a arca prevendo o dilúvio e perpetuando várias espécies animais.
Atualmente reside em Jaíba vários parentes do senhor Teodósio como netos,
bisnetos e tataranetos. Esta família chegou em Jaíba trazendo vários casais de
animais, como cachorro, porco, galinha, bode e gato. Ele pretendia fixar
residência e veio da Fazenda Sabonetal, que pertencia ao coronel Elpídio Rocha,
da cidade de Capitão Enéas.
O percurso foi
dos mais árduos, sendo a única referência, seguir as margens do rio Verde
Grande. Após longa caminhada desta família, que transportava vários apetrechos
em animais de carga, tais como ferramentas, armas e, munições, e abrindo picada
com foice e machado, eles encontraram uma trilha que ligava Matias Cardoso a
São José do Gorutuba. Logo encontrando esta trilha surgiu a vontade de habitar
por aqui, onde construíram um barraco de pau a pique às margens do rio, no
fundo do atual Clube Vale do Jaíba, sendo um local de maior altitude visando as
constantes enchentes deste rio.
Tão logo esta
família chegou por aqui, teve início o trabalho do Governo Federal de colonizar
a “mata da Jaíba”, bastante rica em fauna e flora. O órgão do governo quis a
área do barraco do primeiro morador, para construção de sua sede, foi então
negociado e o senhor Teodósio foi residir num outro local próximo denominado de
“Corrida do Saião”, também à margem do rio Verde Grande.
A grande
virtude do senhor Teodósio era a arte de curandeiro e benzedura, que atraia
pessoas de toda a região. A arte de curar beneficiou várias famílias doentes,
sendo que naquela época a maleita ceifou várias vidas.
O Governo
Getúlio Vargas, temendo os efeitos do pós-guerra de 1945, iniciou os trabalhos
para instalação do Projeto Jaíba que visava a produção de uma gama enorme de
alimentos para atender a demanda brasileira e demais países atingidos. Várias
equipes do Governo começaram a visitar a Jaíba, no trabalho de colonização e
reforma agrária. Na época existiam apenas dois campos de pouso naturais e
improvisados situados em Barreiro/Verdelandia e Matias Cardoso que foram
descobertos em vôos de reconhecimento da região.
Quando iniciou
os trabalhos de colonização, as cidades pólos eram Montes Claros e Espinosa, e
a navegação pelo rio São Francisco que propiciou a vinda de vários equipamentos
como tratores de esteira. O órgão federal era o Instituto Nacional de
Desenvolvimento Agrário – INDA, e os primeiros funcionários deste órgão foram
os engenheiros Zoé Machado e Raio Cristhoff que morreram em trágico acidente
aéreo em Jaíba. Outros moradores que iniciaram a Jaíba foram Argemiro Souza
Lima, Cassiano Gonçalves, Eudálio Praxedes e João Folha.
O trabalho dos
primeiros funcionários do INDA era abertura de picadas e a entrega dos lotes de
30 hectares para os moradores que iam chegando. Os primeiros povoados foram
criados com os nomes de “Avenida” e “Rua de Tábua”.
A fonte desta
história é do primeiro farmacêutico de Jaíba, senhor Amandio José de Carvalho,
que faleceu há pouco tempo em sua terra natal Montes Claros. Este farmacêutico
veio para Jaíba em 1965 trazendo sua farmácia que foi de grande utilidade para
esta cidade.