terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Outro capítulo da triste história da política de Jaíba com mais prisões de agentes políticos e posse de mais um prefeito

ENOCH lê a bíblia antes de ser recolhido
PREFEITO caminha para sua prisão
A bagunça generalizada que acometeu o município de Jaíba teve início com a união de um médico político com um ex-prefeito e ex-presidiário que até então eram ferrenhos inimigos e resolveram abraçar no sentido de conquistar poder e dinheiro fácil. Esta união desastrosa já trouxe e está trazendo sérios prejuízos ao município, cujos capítulos não têm data certa para findar.
A última tragédia levou a prisão do então ex-prefeito Enoch Lima, irmão do médico autor desta grande novela. A prisão aconteceu num posto da Polícia Rodoviária Federal em Montes Claros e mais prisões aconteceram no mesmo dia e horário nesta cidade de Jaíba.

A causa das prisões
Na decisão do desembargador que levou às prisões cita que o Ministério Público demonstrou a existência de indícios suficientes acerca de procedimentos ilícitos praticados pelo ex-prefeito Enoch e pelos servidores Hudson Aparecido Pena Arruda, Acir Silva de Oliveira, Weverton Dias Silva, e Marcos Aurélio Amorim de Oliveira. Tudo frente à extorsão do empreiteiro Antonio Carlos Silva que executou várias obras neste município.
O empreiteiro denunciou que várias vezes foi importunado por Enoch com pedidos de propina e após “descartar” as suas ligações telefônicas, passou a ser procurado insistentemente por Acir, Hudson e Weverton a mando do então prefeito. Argumenta o Ministério Público que o prefeito Enoch não foi citado na primeira fase da Operação Ração de Papagaio, pelo fato do mesmo possuir foro privilegiado na justiça local, e agora o mesmo está sendo formalmente denunciado na instancia correta.
A intenção dos acusados era liberar pagamentos retidos do empreiteiro na prefeitura em troca de muita propina. Recursos e meios disponibilizados pela Polícia Federal puderam comprovar a tentativa de extorsão. Em depoimento, o empreiteiro afirma que por mais de uma vez foi dado propina a Enoch tanto pessoalmente como através de terceiros, inclusive por intermédio de seu motorista Adriano.

Troca de advogado
Conforme o processo, a grande insistência de Enoch e seus assessores era para que o empreiteiro trocasse de advogado, retirando Alvimar Cardoso e colocando um da confiança do grupo, e também que o mesmo mudasse o teor dos depoimentos já denunciados ao Ministério Público. Diante do assédio de Enoch, o empreiteiro não aceitava mais suas ligações telefônicas quando foi procurado pessoalmente por Acir, Hudson e Weverton que se encontraram num bar na data de 04 de novembro de 2015 e Hudson teria dito que liberaria os pagamentos para o empreiteiro e que Acir prepararia a documentação para convencer o juiz a suspender a proibição e teria dito também que recontrataria Antonio Carlos para voltar a prestar serviços na prefeitura.
Conforme o processo o grupo de Enoch teria proposto ao empreiteiro o convite para fazer uma viagem, na intenção de afastá-lo das proximidades do Ministério Público e prometendo também quitar todas as despesas dele com o advogado Alvimar, desde que trocasse de advogado (da confiança deles).
Na decisão judicial foi argumentado: “a garantia da ordem pública se faz necessária para manter a ordem na sociedade, sobretudo porque envolve as pessoas da cidade de Jaíba, as quais já devem está cientes das regras deste jogo e inclusive abaladas com esta prática continuada”.

Marcos Aurélio livra da prisão
O servidor Marquinho foi momentaneamente poupado da prisão conforme descrito neste trecho do processo: “Ocorre que após a análise da vasta documentação juntada ao presente feito, não foi vista a participação efetiva da pessoa do assessor de Enoch Marcos Aurélio Amorim, sobretudo nos depoimentos, razão pela qual não há o que se falar na extensão da medida extrema frente à sua pessoa, PELO MENOS NESTE MOMENTO”.
Com relação a cela especial ou outros privilégios, o despacho cita que eventuais requerimentos deverão ser encaminhados ao autor da sentença para análise, uma vez que não vê a existência de elementos que justifique procedimento diverso. A sentença foi proferida em 16 de dezembro de 2015.

A prisão
O prefeito de Jaíba Enoch Campos (PDT) foi preso no dia 23 do mês passado durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal. Ele voltava de viagem de Belo Horizonte com o motorista Murilo Silva e o assessor Acir Silva de Oliveira, quando foram interceptados.
Em uma ação simultânea, o secretário de agricultura e advogado Hudson Aparecido Pena Arruda e o secretário de saúde Weverton da Silva Dias foram presos em Jaíba pela Polícia Civil.
No dia 16 deste mês, o desembargador Eduardo Machado, da 5ª Câmara do Tribunal de Justiça de Minas, expediu mandados de prisão contra os envolvidos, porque eles estariam atrapalhando investigações que apuram o desvio de verbas no município. Desde então, o grupo era monitorado pelo Núcleo de Combate aos Crimes Praticados por Agentes Políticos Municipais com Foro de Prerrogativa de Função.
Os presos foram levados para a sede da 11ª Região Integrada de Segurança Pública em Montes Claros. Segundo a delegada, durante o depoimento Enoch afirmou desconhecer os motivos da prisão preventiva e, por cerca de uma hora, permaneceu calado. Enquanto aguardava para ser levado ao IML, o prefeito leu trechos da bíblia.
Enoch negou que estivesse atrapalhando as investigações e desconhece os motivos da prisão preventiva. Ele afirmou estar tranquilo, pois acredita na Justiça e que logo conseguirá esclarecer. O motorista Murilo foi liberado

Advogado proíbe Enoch dá entrevista
Apesar da insistência do advogado Marco Aurélio Alves de Aquino em impedir que falasse com a imprensa, o prefeito Enoch Vinicius explicou que acredita ter ocorrido uma interpretação errada na decretação da sua prisão, pois recebeu a determinação para afastar alguns acusados de irregularidades e assim fez. Porém, como não ficou comprovada nenhuma denúncia, decidiu reconduzir os demitidos. Ele entende que pode ser a única causa da sua prisão.
Ainda na conversa com a imprensa, Enoch alegou que não teve acesso a nenhuma peça do processo e por isso, desconhecia o motivo da prisão. Porém acredita que será liberado pela Justiça. Ele foi ouvido pela delegada Karen de Paula, mas se reservou no direito de ficar calado. Os quatro, depois de passarem pela perícia do Instituto de Medicina Legal, foram conduzidos para o Presidio Regional de Montes Claros, onde cumprirão a prisão preventiva, inicialmente por 30 dias podendo ser prorrogada por prazo incerto.

Empreiteiro ameaçado
O prefeito e seus assessores foram detidos porque supostamente teriam tentado ameaçar o empresário Antônio Carlos da Silva, que é um dos delatores da operação ‘Ração de Papagaio’. Antônio Carlos é dono da empresa Lázaro Moisés, que mantinha contratos com a Prefeitura de Jaíba em valores superiores a R$ 8 milhões. Os contratos têm como objeto a manutenção da limpeza pública na cidade, construção de postos de saúde, reforma de escolas e demais obras de construção civil. Gravações feitas pela Polícia Federal teriam flagrado o momento em que o delator Antônio Carlos recebe propostas para mudar o seu depoimento ao Ministério Público.
Enoch está preso na penitenciária - Ezequiel Fagundes em Montes Claros.
Além da prisão preventiva, foi decretado a quebra dos sigilos bancários do prefeito, dos três servidores públicos e de uma empresa. Essa firma é suspeita de pagar propina para amealhar licitação fraudulenta com a prefeitura.

Vereadores

Apesar de sentenciado por muitos julgadores de Jaíba, na decisão processual do afastamento do prefeito Enoch, não consta nenhum pedido de prisão para nenhum vereador desta cidade. A única negativa de recolhimento à cela foi a do servidor municipal Marco Aurélio (Marquim).