ENOCH lê a
bíblia antes de ser recolhido
|
PREFEITO
caminha para sua prisão
|
A bagunça
generalizada que acometeu o município de Jaíba teve início com a união de um
médico político com um ex-prefeito e ex-presidiário que até então eram
ferrenhos inimigos e resolveram abraçar no sentido de conquistar poder e
dinheiro fácil. Esta união desastrosa já trouxe e está trazendo sérios prejuízos
ao município, cujos capítulos não têm data certa para findar.
A última
tragédia levou a prisão do então ex-prefeito Enoch Lima, irmão do médico autor
desta grande novela. A prisão aconteceu num posto da Polícia Rodoviária Federal
em Montes Claros e mais prisões aconteceram no mesmo dia e horário nesta cidade
de Jaíba.
A causa das prisões
Na decisão do
desembargador que levou às prisões cita que o Ministério Público demonstrou a
existência de indícios suficientes acerca de procedimentos ilícitos praticados
pelo ex-prefeito Enoch e pelos servidores Hudson Aparecido Pena Arruda, Acir
Silva de Oliveira, Weverton Dias Silva, e Marcos Aurélio Amorim de Oliveira.
Tudo frente à extorsão do empreiteiro Antonio Carlos Silva que executou várias
obras neste município.
O empreiteiro
denunciou que várias vezes foi importunado por Enoch com pedidos de propina e
após “descartar” as suas ligações telefônicas, passou a ser procurado
insistentemente por Acir, Hudson e Weverton a mando do então prefeito.
Argumenta o Ministério Público que o prefeito Enoch não foi citado na primeira
fase da Operação Ração de Papagaio, pelo fato do mesmo possuir foro privilegiado
na justiça local, e agora o mesmo está sendo formalmente denunciado na
instancia correta.
A intenção dos
acusados era liberar pagamentos retidos do empreiteiro na prefeitura em troca
de muita propina. Recursos e meios disponibilizados pela Polícia Federal
puderam comprovar a tentativa de extorsão. Em depoimento, o empreiteiro afirma
que por mais de uma vez foi dado propina a Enoch tanto pessoalmente como
através de terceiros, inclusive por intermédio de seu motorista Adriano.
Troca de advogado
Conforme o
processo, a grande insistência de Enoch e seus assessores era para que o
empreiteiro trocasse de advogado, retirando Alvimar Cardoso e colocando um da
confiança do grupo, e também que o mesmo mudasse o teor dos depoimentos já
denunciados ao Ministério Público. Diante do assédio de Enoch, o empreiteiro
não aceitava mais suas ligações telefônicas quando foi procurado pessoalmente
por Acir, Hudson e Weverton que se encontraram num bar na data de 04 de
novembro de 2015 e Hudson teria dito que liberaria os pagamentos para o
empreiteiro e que Acir prepararia a documentação para convencer o juiz a
suspender a proibição e teria dito também que recontrataria Antonio Carlos para
voltar a prestar serviços na prefeitura.
Conforme o
processo o grupo de Enoch teria proposto ao empreiteiro o convite para fazer
uma viagem, na intenção de afastá-lo das proximidades do Ministério Público e
prometendo também quitar todas as despesas dele com o advogado Alvimar, desde
que trocasse de advogado (da confiança deles).
Na decisão
judicial foi argumentado: “a garantia da ordem pública se faz necessária para
manter a ordem na sociedade, sobretudo porque envolve as pessoas da cidade de
Jaíba, as quais já devem está cientes das regras deste jogo e inclusive
abaladas com esta prática continuada”.
Marcos Aurélio livra da prisão
O servidor
Marquinho foi momentaneamente poupado da prisão conforme descrito neste trecho
do processo: “Ocorre que após a análise da vasta documentação juntada ao
presente feito, não foi vista a participação efetiva da pessoa do assessor de
Enoch Marcos Aurélio Amorim, sobretudo nos depoimentos, razão pela qual não há
o que se falar na extensão da medida extrema frente à sua pessoa, PELO MENOS
NESTE MOMENTO”.
Com relação a
cela especial ou outros privilégios, o despacho cita que eventuais requerimentos
deverão ser encaminhados ao autor da sentença para análise, uma vez que não vê
a existência de elementos que justifique procedimento diverso. A sentença foi
proferida em 16 de dezembro de 2015.
A prisão
O prefeito de
Jaíba Enoch Campos (PDT) foi preso no dia 23 do mês passado durante uma
abordagem da Polícia Rodoviária Federal. Ele voltava de viagem de Belo
Horizonte com o motorista Murilo Silva e o assessor Acir Silva de Oliveira,
quando foram interceptados.
Em uma ação
simultânea, o secretário de agricultura e advogado Hudson Aparecido Pena Arruda
e o secretário de saúde Weverton da Silva Dias foram presos em Jaíba pela
Polícia Civil.
No dia 16
deste mês, o desembargador Eduardo Machado, da 5ª Câmara do Tribunal de Justiça
de Minas, expediu mandados de prisão contra os envolvidos, porque eles estariam
atrapalhando investigações que apuram o desvio de verbas no município. Desde
então, o grupo era monitorado pelo Núcleo de Combate aos Crimes Praticados por
Agentes Políticos Municipais com Foro de Prerrogativa de Função.
Os presos
foram levados para a sede da 11ª Região Integrada de Segurança Pública em
Montes Claros. Segundo a delegada, durante o depoimento Enoch afirmou
desconhecer os motivos da prisão preventiva e, por cerca de uma hora,
permaneceu calado. Enquanto aguardava para ser levado ao IML, o prefeito leu
trechos da bíblia.
Enoch negou
que estivesse atrapalhando as investigações e desconhece os motivos da prisão
preventiva. Ele afirmou estar tranquilo, pois acredita na Justiça e que logo
conseguirá esclarecer. O motorista Murilo foi liberado
Advogado proíbe Enoch dá entrevista
Apesar da insistência
do advogado Marco Aurélio Alves de Aquino em impedir que falasse com a
imprensa, o prefeito Enoch Vinicius explicou que acredita ter ocorrido uma
interpretação errada na decretação da sua prisão, pois recebeu a determinação
para afastar alguns acusados de irregularidades e assim fez. Porém, como não
ficou comprovada nenhuma denúncia, decidiu reconduzir os demitidos. Ele entende
que pode ser a única causa da sua prisão.
Ainda na conversa
com a imprensa, Enoch alegou que não teve acesso a nenhuma peça do processo e
por isso, desconhecia o motivo da prisão. Porém acredita que será liberado pela
Justiça. Ele foi ouvido pela delegada Karen de Paula, mas se reservou no
direito de ficar calado. Os quatro, depois de passarem pela perícia do
Instituto de Medicina Legal, foram conduzidos para o Presidio Regional de
Montes Claros, onde cumprirão a prisão preventiva, inicialmente por 30 dias
podendo ser prorrogada por prazo incerto.
Empreiteiro ameaçado
O prefeito e
seus assessores foram detidos porque supostamente teriam tentado ameaçar o
empresário Antônio Carlos da Silva, que é um dos delatores da operação ‘Ração
de Papagaio’. Antônio Carlos é dono da empresa Lázaro Moisés, que mantinha
contratos com a Prefeitura de Jaíba em valores superiores a R$ 8 milhões. Os
contratos têm como objeto a manutenção da limpeza pública na cidade, construção
de postos de saúde, reforma de escolas e demais obras de construção civil. Gravações
feitas pela Polícia Federal teriam flagrado o momento em que o delator Antônio
Carlos recebe propostas para mudar o seu depoimento ao Ministério Público.
Enoch está
preso na penitenciária - Ezequiel Fagundes em Montes Claros.
Além da prisão
preventiva, foi decretado a quebra dos sigilos bancários do prefeito, dos três
servidores públicos e de uma empresa. Essa firma é suspeita de pagar propina
para amealhar licitação fraudulenta com a prefeitura.
Vereadores
Apesar de
sentenciado por muitos julgadores de Jaíba, na decisão processual do afastamento
do prefeito Enoch, não consta nenhum pedido de prisão para nenhum vereador
desta cidade. A única negativa de recolhimento à cela foi a do servidor municipal
Marco Aurélio (Marquim).