Pedro Marques e o rapé
maldito
Existem várias formas de vícios por este mundo a fora. O
cigarro, charuto, bebida alcoólica em geral, craque, cocaína, maconha, jogo de
azar, sinuca, bingo, desejar mulher casada, etc. Há viciados para todos os
gostos. Os viciados atingem todas as classes sociais e econômicas, com
analfabetos e até mesmo intelectuais, filhinhos de papai, autoridades, atores e
cantores. Quando o viciado quer, tem tratamento. Basta querer. O nosso
cientista Galeno autodidata Pedro Marques de Oliveira fora viciado em cigarro,
cachaça e o tal do “rapé”. O cientista não teve dúvidas e procurou tratamento,
mas por suas próprias astúcias, sem clínica de reabilitação, nada disso. Mas,
como abandonar o vício sendo que às vezes o danado é mais forte do que a
vítima? O catedrático cientista passava noites e mais noites matutando como
abandonar o “rapé”. O que ele fez? Essa é demais! O maior cientista do mundo em
primeira escala utilizou a opinião. Pronto! Assim será. Nunca mais a partir de
hoje usarei “rapé” em minhas fossas nasais. Pedro era funcionário em uma
oficina, tipo uma serralheria; ali trabalhava no dia a dia e o seu patrão
também era viciado em um “rapézinho”. Inclusive o Pedro aprendeu com o patrão o
uso desta “droga”. Todo dia o patrão preparava o fumo que era torrado ali mesmo
naquela oficina. O cheiro do “rapé” era muito forte e fuxiqueiro, toda
vizinhança sentia aquele cheirinho, assim como se torra amendoim. O cheiro se
espalha numa velocidade mirabolante. Quando resolveu parar com o vício, o
Galeno mesmo trabalhando em seu ofício já havia um ano sem o “rapé”. Só que
aquele vento vindo do fundo da oficina trazia até as suas narinas todo o aroma
daquele produto que ali era preparado. O nariz do autodidata começa então a
coçar e coçar, como se dissesse a ele: Eu quero um “rapezinho”. Isso deixava
nosso cientista aperreado. Ele não queria o vício, mas o nariz queria. Quem
venceria a guerra? O Pedro ou o nariz? O que fez o maior cientista do mundo!
Ele com toda maestria apanhou a antiga lata que botava o “rapé” e colocou muita
“merda de galinha” e levava para o serviço. Quando o nariz coçava Pedro Marques
dizia: - Segura nariz desgraçado! “Lá vai uma bostinha de galinha”! E tome-lhe
“merda galinácea”. O nariz do autodidata começou a envermelhar como se fosse um
pimentão maduro, porém, continuava constantemente querendo o tal do
“rapezinho”. Todo lugar que ele ia, levava consigo a lata com o tal “rapé
excremento”. Então o nariz coçava, Pedro expressava: “toma maldito, seu rapé,
tome-lhe esterco de galinha”. Isso virou uma rotina! O nosso intelecto
astrônomo me disse que quando seu nariz coçava o próprio (nariz) já pensava:
“meu Deus lá vem merda de galinha”. Até que nunca mais o nariz o incomodou, só
não podia mais sentir o cheiro da “titica” que entrava em desespero, e até
mesmo espirrava! Aproximar de galinheiro, nem pensar! Está aí uma fórmula
mágica pra quem é viciado em “rapé” e quer largar o vício! “Produto de galinha
no nariz”. E o cigarro e a bebida? Como será que o astrônomo dos astrônomos
conseguiu parar de fumar e de beber? Essa historia ou como quiser, lorota, Ele
não autorizou a contar, se um dia o Pedro me conceder a outorga para tal
narrativa, terei o maior prazer em redigir tal fato. Acho que vocês e eu ficaremos
apenas na imaginação. Vamos aguardar! A minha mãe me disse que é uma história
que envolve almas depenadas. Credo em cruzes! Que medo! Vou ficar por aqui.