Pedro e o seminário
Não sei como o Pedro Marques conseguiu. Acho que foi um padrinho muito forte, pode ter sido através de um coronel daquela época, entretanto, mesmo com pouca escolaridade ele conseguiu entrar num convento seminarista e pretendia ser padre. Esta história quem me contou foi um tio, que mora em Salinas, Minas Gerais e que é irmão gêmeo de Pedro Marques, focinho de um, cara do outro, até mesmo as vozes são idênticas, sem falar as maluquices. Dentro do convento ele faz amizade com o filho de um homem rico daquela sociedade, que posteriormente também seria padre. Com dois anos de seminário Pedro Marques diz pro amigo - Tem como ser padre e ao mesmo tempo ser casado e ter filhos? Não! Não! Não! O padre é casado com a igreja! Mas o amigo resolveu brincar com o Pedro, já tinha observado que ele gostava mesmo era de mulher, e o amigo religioso lhe disse - Se o problema é mulher nós temos as irmãs (as freiras), então Pedro disse. -Deixe comigo que eu as vejo agora! E o amigo o
levou até as irmãs e o apresentou como futuro padre. Ele olha uma por uma e não agradou, e disse ao amigo: - Não quero mais ser padre! Mas por quê? Ele responde. - Só tem carranca velha e nariguda, não tem uma bonitinha, eu só vi carne de pescoço, filé que é bom nada! E assim ele deixou de ser seminarista, resolvendo logo depois ser dentista prático. Estive pensando, se realmente o Pedro (meu pai) tivesse ingressado na carreira de padre vocês não estariam lendo essa mensagem, pois Eu, (seu filho Brás) não existiria. Nesta época Pedro sofria de uma doença incurável pelos médicos, não se sabe se era câncer, mas a sua perna esquerda tinha uma “pereba” enorme que não cicatrizava. Na época ele, católico atuante, até um pouco antes seminarista, era devoto de muitos santos, e na sua humilde casa existia um oratório que era composto com vários tipos de santos. Todo dia logo ao amanhecer Ele ajoelhava e assim rezava: Óh São Expedito tenha piedade de mim... Óh São Benedito vê se cura minha perna... Óh São Bom Jesus da lapa eu já não agüento mais, se a minha perna não for curada nunca mais eu vou à lapa... Óh Nossa Senhora eu espero que a senhora realmente seja mãe e me cure dessa ferida indesejada. Diante de tanto clamor, nada. Meu tio me disse que ele era desobediente e que de católico não tinha nada, somente ia às missas para ver as meninas. Sabe aquele tipo de homem que freqüenta alguma igreja só pra espiar as mulheres? Isso é o que mais acontece até hoje. Às vezes você escuta falar assim, fulano agora é crente ou está indo à missa... O cara é safado, cachaceiro, sem-vergonha, caloteiro, prosa ruim, um sangue de barata, etc., com poucos dias ele está grudando aquela menina da igreja que tanto queria... O resultado você já sabe, não precisa nem comentar, lembrando que Pedro Marques era e é um homem honesto e respeitador, somente queria casar, gostava de mulher. Um cabra macho. Porém, aquela ferida atrapalhava arrumar namorada. Mas, voltando ao assunto do oratório, quando ele viu que a “santaiada” não estava resolvendo nada, o que ele fez? Foi lá no oratório e quebrou tudo quanto é santo a porrete, nervoso com uma aroeira na mão ele dizia. - Tropa de preguiçosos, legião incompetente... Até hoje vocês não curaram a minha ferida na perna, cadê o dinheiro que todo santo dia eu coloco aqui no altar para vocês? Onde está este dinheiro? Um dos irmãos do Pedro Marques quando na sua ausência ia até o altar e roubava todo dinheiro dos santos, dando a impressão para o Pedro de que realmente, havia um consumismo por parte daquela legião de santos naquele altar. Só se viu cabeça de santo voar! Foi então que ele se converteu aos protestantes! E a ferida da perna? Há, essa é outra historia!