quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O cidadão Jimmy ficou prefeito por 11 dias – período que entrou cerca de 1,5 milhão nos cofres da prefeitura

GABINETE principal da prefeitura de Jaíba
Mais um capítulo da novela envolvendo a pobre e sofrida cidade de Jaíba, que antes era conhecida a nível nacional pelo seu potencial na produção de frutas irrigadas sendo que sua fama foi mudada para o tema corrupção. A corrupção ficou mais acentuada e visível após um acordão ou pacto ocorrido nas últimas eleições municipais de 2012, onde foi apresentado um candidato a prefeito na última hora de votação, e apresentando a fotografia de outro nas urnas, gerando uma grande confusão na cabeça do eleitor. Esta confusão gerou nesta novela que está prevista para acabar em janeiro de 2017 quando um novo prefeito for eleito (sem pacto ou acordo).
Aconteceu a quinta mudança de prefeito após as eleições de 2012. Por último o prefeito eleito (Jimmy) retorna à sua função e fica por apenas onze dias (31/08 a 10/09). O jornal Folha de Jaíba através de pesquisa concluiu que neste período, somente através do Banco do Brasil, entrou nos cofres da prefeitura, R$ 1.277.197,93, onde destacamos uma parcela de Fundo de Participação dos Municípios do Governo Federal no valor de R$ 525.896,36, repasse de ICMS do Governo Estadual R$ 342.766,94, Fundo de Saúde do Governo Federal R$ 132.902,95, e Fundeb Governo Federal R$ 245.477,68. Com outros recursos de convênios e da arrecadação do próprio município, os valores arrecadados chegam a cerca de um milhão e meio de reais creditados nos cofres municipais neste pequeno prazo de governo.

Motivação do juiz ao retorno de Jimmy
A cassação do ex-prefeito Jimmy pela Câmara de Vereadores teve total respaldo da justiça brasileira a nível municipal, estadual e nacional, tanto é que o mesmo recorreu a todas as instâncias judiciais e perdeu todas. Insatisfeito com consecutivas derrotas judiciais resolveu iniciar novo processo alegando “fatos novos” e apresentando novas testemunhas na tentativa de mostrar sua inocência.
O juiz de Manga diante de tantos fatos estranhos ocorridos na política desta cidade resolveu conceder o retorno deste ex-prefeito que também foi eleito de forma bastante estranha. Pode ser destacado um argumento do juiz ao conceder a nova posse de Jimmy, quando na sentença diz: “Oportuno também relembrar que este julgador se encontra respondendo desde o início do corrente ano pelas duas varas desta comarca de Manga e também por Montalvânia, o que dificulta a realização de audiência em continuação em data próxima em face de tantas medidas e audiências de urgência”.
Outra argumentação do juiz Eliseu Silva Leite Fonseca menciona: “De início, urge ressaltar a grave crise política instalada no município de Jaíba nos últimos anos com acirrados embates entre o legislativo e o chefe do executivo municipal, mediante denúncias recíprocas de crimes e infrações político-administrativas, redundando no afastamento de prefeitos e vereadores empossados. Oportuno destacar a recente decisão de cassação pela Câmara Municipal, do atual prefeito em exercício, Enoch Vinícius Campos de Lima”.

Quem recorreu foi o próprio Enock
Está gerando muita polêmica entre os estudiosos da matéria de Direito, pois quem recorreu para tirar Jimmy da poltrona macia foi o próprio prefeito Enock, que nem sequer teve seu nome citado no processo do retorno de Jimmy.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais acatou recurso do então vice-prefeito, Enoch (PDT), e concedeu efeito suspensivo à decisão do juiz titular da Comarca de Manga, que concedeu antecipação de tutela, no final do mês de agosto, e determinou a imediata recondução do prefeito eleito, Jimmy (PCdoB), ao cargo.
Desempregado, o vice Enoch Campos apelou para recurso conhecido como agravo de instrumento. O desembargador Eduardo Amorim, para quem o agravo foi distribuído, entendeu que o vice é parte no processo e estaria legitimamente apto a recorrer manifestando seu próprio interesse.
A defesa de Jimmy diz que a “decisão é questionável” e que seu cliente pode reassumir a cadeira de prefeito em breve, quando o plenário do Tribunal de Justiça julgar o mérito da ação, alegando que o vice-prefeito Enoch não teve nada com a cassação de Jimmy e sequer chegou a ser citado na investigação da Câmara Municipal, de modo que o entendimento do desembargador não encontra amparo nos fatos.

A defesa pretende recorrer ao próprio Tribunal de Justiça ou até mesmo pedir nova decisão liminar ao juiz de Manga, com base no que consta dos autos do processo e que é de conhecimento do magistrado.