quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Polícia Federal desarticula quadrilha acusada de desviar “milhões” da prefeitura de Jaíba

SILVANO Araújo
SILDETE Araújo
TÊLA do Açougue
LEO Pintor

Operação ainda não terminou e algumas pessoas ainda poderão ser presas e outras detidas para depor

Muito se falou nos últimos dias em “golpe de estado” em Jaíba. Mas, com o desenrolar das investigações do Ministério Público, Polícia Federal, e Câmara de Vereadores, pôde se constatar que quem sofreu e está sofrendo um grande golpe, é a população desta cidade, que, apesar de ostentar um grande potencial na agricultura irrigada, sofre de maneira impiedosa com as mazelas de políticos inescrupulosos que tanto mal fizeram ao município e sua população.
O produtor rural Silvano Araújo ficou frente à frente, com os representantes do Ministério Público após a Polícia Federal ter divulgado gravação em que ele supostamente faz ameaças de morte aos promotores encarregados das investigações em torno do seu nome. Silvano Araújo diz que mataria qualquer um e que contrataria pistoleiros da facção criminosa Comando Vermelho. Este produtor rural é apontado pela Polícia Federal como o mentor do esquema de corrupção que teria desviado milhões de reais da Prefeitura de Jaíba nos últimos anos durante a gestão do ex-prefeito Detim. Contra Silvano pesa também a acusação de quando da sua candidatura a deputado, que declarou um patrimônio de R$ 606,8 mil e gastos na campanha de R$ 2 milhões. Recursos desviados da Prefeitura de Jaíba.
De acordo com a Polícia Federal, o prefeito afastado Jimi foi levado para a sede da PF em Montes Claros, e apesar de ser conduzido apenas para prestar esclarecimentos, ele chegou a ficar algumas horas preso. Além dos crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, ele também responderá inquérito por porte ilegal de arma.
Na sentença que decreta a prisão dos envolvidos, a justiça cita a advogada de Jimi, e que também advogou para Detim quando foi afastado, que a mesma teria um esquema para compra de decisões judiciais por um alto valor financeiro.
“Investigações demonstraram de maneira cristalina a busca pela atual administração na cooptação de vereadores de modo a comprar os seus votos e evitar a consequente cassação do atual gestor. As ofertas variavam de R$ 200 mil a R$ 1 milhão, no sofrível município de Jaíba”. Esta foi a declaração do delegado da PF Marcelo Eduardo de Freitas.
Os presos responderão, na medida de suas participações, por crimes contra a administração pública, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, dentre outros. Se condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes podem ultrapassar 30 anos.
O nome da operação (agosto) é referência a um livro de Rubem Fonseca publicado em 1990 no Brasil. O romance caracteriza-se por se tratar de uma narrativa de cunho policial, de contar com um grande número de personagens que possuem ligações entre si, além do clima de mistério e investigação presente do início ao final da obra. Os trabalhos iniciaram em Agosto/2013 mês que, sabidamente, assola a vida sofrida do sertanejo com o calor intenso e a seca estafante.
A "Operação Agosto", realizada pela Polícia Federal no último dia (3), apurou fraudes em licitações no transporte escolar, com o direcionamento das contratações às empresas e/ou pessoas ligadas à organização criminosa.
De acordo com informações da Polícia Federal, estão sendo cumpridos 43 mandados, sendo 13 de busca e apreensão, 23 de sequestro de valores, bens móveis e imóveis, quatro mandados de prisão temporária, três conduções coercitivas. Ainda foi determinado o afastamento do sigilo bancário e fiscal dos investigados, bem como a indisponibilidade dos bens das pessoas físicas e jurídicas envolvidas.
Ainda de acordo com informações da PF, as verbas irregularmente desviadas eram imediatamente aplicadas em bens, móveis e imóveis, cujas propriedades eram ocultadas com participação de outros empresários e “laranjas” ligados aos principais membros da organização criminosa.
Os quatro presos desta operação que estão na cadeia de Manga tiveram um agravante, pois estavam cumprindo prisão temporária e passou para prisão preventiva, não tendo prazo estipulado para a soltura, podendo perdurar até o final das investigações ou até o julgamento.

Escuta telefônica de Silvano Araújo, gravada com autorização da justiça
SILVANO - ...eu já tô perdendo a salvação"
INTERLOCUTOR -  "Tá doido, moço?"
SILVANO – Se eu for...se eu...igual...o cara falou ali comigo que que eu vou preso. O que fez a denúncia lá. Se for verdade tudo bem. Se não for se não for, eu vou perder. Eu vou matar ele... qualquer um...
INTERLOCUTOR – Silvano. O negócio o negócio seu...cê é um cara mais inteligente...
SILVANO – Se eu não matar o promotor, se ele não insistir, se ele tiver errado. Igual os Manica. Mato igual um passarinho. Ce traz o Comando Vermelho ali é por 5 mil reais de São Paulo.

Advogada de Detim e Jimmy aciona a justiça contra juíza de Manga
A advogada Adriana Belli, que tem escritório na capital mineira, teve seu nome muito conhecido nas rodas de conversa em Jaíba por ter defendido o ex prefeito Detim, de uma cassação em pleno gozo de seu mandato (2008/2012), e também por ter tentado sem sucesso, defender o também ex prefeito Jimmy Murça. Esta advogada ficou também muito famosa pela fama de conseguir “comprar” sentença favorável a seus clientes junto ao Tribunal de Justiça, conforme depoimento ou escuta telefônica com autorização de justiça de pessoas envolvidas na operação da Polícia Federal e do Ministério Público.
A juíza de Manga, Roberta Souza Alcântara que mandou prender os políticos jaibenses, mencionou depoimento de testemunha que falava de um esquema de compra de decisões judiciais. O que fez esta advogada protocolar neste mês na Corregedoria Geral de Justiça e Procuradoria Geral de Justiça, pedido de apuração e providência contra a juíza de Manga, que mencionou em sua sentença depoimento de testemunha que a acusava de manter um 'esquema' de compra de decisões judiciais.
''Se há corruptor, tem que ser identificado o corrupto'', afirmou Adriana Belli ao justificar o pedido de apuração encaminhado ao Ministério Público.
Adriana Belli relata que há dois anos buscou informação até mesmo junto à Superintendência da PF em Minas e à delegacia de Montes Claros, que negaram a ''existência de qualquer dúvida quanto ao nosso comportamento''. A indignação da advogada fica ainda maior porque o mandado de segurança em favor do ex prefeito Jimmy Silva ''e contra ato do presidente da Câmara Municipal de Jaíba Júnior Leonir e do presidente da CPI Welton Silva, que tirou o chefe do Executivo do cargo'' foi negado pelo Tribunal de Justiça de Minas.
Por outro lado, esta advogada conseguiu em tempo recorde evitar a cassação do ex prefeito Detim, que ficou menos de um dia fora da sua cadeira de prefeito.