quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Chegada de uma nova e perigosa lagarta pode tirar o sono dos produtores rurais



Nossa região norte mineira que já foi grande produtora na lavoura de algodão teve que interromper este cultivo, no início da década de 90, com a chegada da incombatível praga do “bicudo”, que inviabilizou economicamente a produção. E agora o susto pode está de volta para os produtores de milho, sorgo, feijão, tomate e algumas frutas.
Desta vez, trata-se de uma lagarta de coloração esverdeada, medindo pouco mais de 3 centímetros, e já é considerada a maior ameaça ao desempenho da agricultura brasileira  na safra 2013-14. A Helicoverpa armígera, nome científico da praga, teve a presença constatada em lavouras da Bahia em março, mas já se espalha por 12 Estados. O ministro da Agricultura já declarou estado de emergência fitossanitária nas lavouras do Mato Grosso, maior produtor brasileiro de grãos, em razão da infestação da lagarta, permitindo a importação de inseticidas que combatem a lagarta.
Oitenta e oito municípios mineiros produtores de milho, soja e algodão foram colocados em estado de emergência fitossanitária em decorrência da proliferação desta lagarta.
Não existem no mercado nacional defensivos agrícolas capazes de controlar a multiplicação da praga após a lagarta atingir a fase adulta. Mesmo os produtos importados nunca foram testados em solo nacional, o que dificulta o restabelecimento da normalidade no campo, uma vez que o uso do inseticida deverá ser monitorado.
Os 88 municípios em estado de emergência estão, em sua maioria, nas regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste e Sul de Minas. No site do Ministério da Agricultura, produtores podem acessar um plano de ação para combater a praga. A presença da larva foi detectada, além de Minas Gerais, na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Paraná, Roraima , Maranhão, Piauí, Tocantins, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
O uso de sistemas convencionais de pulverizações de agrotóxicos não tem sido suficiente para controlar a infestação das lavouras pela lagarta. “Já temos mais de 700 casos documentados mostrando que o controle químico não tem sido eficiente. Pretendemos mostrar ao produtor o caminho que deve ser feito por meio das práticas de MIP. O controle biológico, por meio do Trichogramma, é eficiente, além de ser uma tecnologia limpa”, explica o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo. O MIP ou Manejo Integrado de Pragas é o sistema que associa o ambiente e a dinâmica populacional da espécie, mantendo a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar danos econômicos.