Nossa região norte mineira que já
foi grande produtora na lavoura de algodão teve que interromper este cultivo,
no início da década de 90, com a chegada da incombatível praga do “bicudo”, que
inviabilizou economicamente a produção. E agora o susto pode está de volta para
os produtores de milho, sorgo, feijão, tomate e algumas frutas.
Desta vez, trata-se de uma lagarta
de coloração esverdeada, medindo pouco mais de 3 centímetros, e já é
considerada a maior ameaça ao desempenho da agricultura brasileira na safra 2013-14. A Helicoverpa armígera,
nome científico da praga, teve a presença constatada em lavouras da Bahia em
março, mas já se espalha por 12 Estados. O ministro da Agricultura já declarou
estado de emergência fitossanitária nas lavouras do Mato Grosso, maior produtor
brasileiro de grãos, em razão da infestação da lagarta, permitindo a importação
de inseticidas que combatem a lagarta.
Oitenta e oito municípios mineiros
produtores de milho, soja e algodão foram colocados em estado de emergência
fitossanitária em decorrência da proliferação desta lagarta.
Não existem no mercado nacional
defensivos agrícolas capazes de controlar a multiplicação da praga após a
lagarta atingir a fase adulta. Mesmo os produtos importados nunca foram
testados em solo nacional, o que dificulta o restabelecimento da normalidade no
campo, uma vez que o uso do inseticida deverá ser monitorado.
Os 88 municípios em estado de
emergência estão, em sua maioria, nas regiões do Alto Paranaíba, Triângulo
Mineiro, Noroeste e Sul de Minas. No site do Ministério da Agricultura,
produtores podem acessar um plano de ação para combater a praga. A presença da
larva foi detectada, além de Minas Gerais, na Bahia, Goiás, Mato Grosso,
Paraná, Roraima , Maranhão, Piauí, Tocantins, Mato Grosso do Sul, São Paulo,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
O uso de sistemas convencionais de
pulverizações de agrotóxicos não tem sido suficiente para controlar a
infestação das lavouras pela lagarta. “Já temos mais de 700 casos documentados
mostrando que o controle químico não tem sido eficiente. Pretendemos mostrar ao
produtor o caminho que deve ser feito por meio das práticas de MIP. O controle
biológico, por meio do Trichogramma, é eficiente, além de ser uma tecnologia
limpa”, explica o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo. O MIP ou
Manejo Integrado de Pragas é o sistema que associa o ambiente e a dinâmica
populacional da espécie, mantendo a população da praga em níveis abaixo
daqueles capazes de causar danos econômicos.