A jovem Jaíba comemora em data festiva nesta semana seus 19 anos de emancipação, ma a sua verdadeira história data de tempos mais antigos. O município foi criado em 27 de abril de 1992, depois de muita luta de um grupo de moradores locais, mais conhecidos como emancipacionistas, que fundaram uma associação para montar os trabalhos para desmembrar a Jaíba dos municípios de Manga e Monte Azul. A luta foi árdua, pois este município nem sequer era distrito, estava apenas na condição se sub-distrito de Matias Cardoso, que também não era emancipado, mas já era legalmente um distrito.
Jahyba – Jaíba, um vocábulo tupi guarani que significa água salobra, água ruim (desde aquela época já sabiam que a água do rio Verde tem um péssimo paladar). O primeiro habitante que fixou residência em Jaíba, chegou por aqui em 1950. O senhor teodósio Cardoso, juntamente com sua esposa, dona Teodora, e dois filhos legítimos, Rocão e Marinho e mais outro filho adotivo, conhecido como Saturnino; foram os primeiros moradores desta localidade, e a vinda desta família para Jaíba, assemelha-se com a história do personagem bíblico Noé, que construiu a arca prevendo o dilúvio e perpetuando as espécies animais.
O senhor Teodósio e família vieram trazendo vários casais de animais como cachorro, porco, galinha, bode e gato. Ele pretendia fixar residência e veio da fazenda Sabonetal, de propriedade do coronel Elpídio da Rocha, da cidade de Capitão Enéas. O percurso foi dos mais complicados, sendo que a única referencia era seguir as margens do rio Verde Grande. Após longa caminhada desta família, que transportava vários apetrechos como animais de carga, ferramentas, armas, munições, e abrindo picadas com foice e machado, eles encontraram uma trilha que ligava Matias Cardoso a São José do Gorutuba. Logo encontrando esta trilha, surgiu a vontade de habitar por aqui, construindo um barraco de pau a pique às margens do rio Verde, no fundo do atual clube Vale do jaíba, um dos locais de maior altitude.
Surge o Projeto Jaíba para suprir o país de alimentos
A chegada desta família por aqui coincidiu com o início dos trabalhos do Governo Federal de colonizar a Mata da Jaíba, que era bastante rica de fauna e flora e muita terra fértil. O órgão de colonização do governo quis a área do barraco do senhor Teodósio para construir sua sede. Foi então negociado e a primeira família jaibense foi residir num local próximo denominado “Corrida do Saião”, também à margem do mesmo rio.
A grande fama do senhor Teodósio, era a arte de curandeiro e benzedura, que, por sua atuação, atraia moradores de toda região, sendo que naquela época a maleita ceifou várias vidas.
O governo Getúlio Vargas, temendo os efeitos do pós guerra de 1945, iniciou os trabalhos para instalação do Projeto Jaíba, que visava produzir uma gama enorme de alimentos para atender a demanda local e demais paises atingidos. Várias equipes do Governo Federal começaram a visitar Jaiba num trabalho de colonização e reforma agrária. Naquela época existiam apenas dois campos de pouso naturais e improvisados sendo um em Barreiro/Verdelandia e outro em Matias Cardoso , que foram descobertos em vôos de reconhecimento.
Quando iniciou os trabalhos de colonização, as cidades pólos, eram Montes Claros e Espinosa, e a navegação do rio São Francisco, que trouxe vários equipamentos como tratores de esteira e outros. O órgão do governo era o INDA – Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário – e os primeiros funcionários e também moradores foram os engenheiros Zoé Machado e Raio Cristhoff que morreram em trágico acidente aéreo chocando a aeronave na serra de Matias Cardoso. Teve também outros funcionários como Argemiro Souza Lima, Cassiano Gonçalves, Eulálio Praxedes e João Folha. O trabalho dos primeiros funcionários do INDA era abertura de picadas na mata da Jaíba e entrega dos lotes de 30 hectares para os forasteiros que iam chegando.
Os primeiros povoados foram criados com os nomes de “Avenida” (atualmente Beta), e “Rua de Tábua”. A fonte desta e várias outras histórias é do primeiro farmacêutico de Jaíba, senhor Amandio José de Carvalho, que instalou por aqui em 1965.