sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ONG evangélica lança campanha contra o "voto de cajado"

Em Jaíba religiosos obtiveram 1.381 votos para deputados estaduais e federais
Uma Organização Não Governamental (ONG) está fazendo campanha para que os eleitores não vinculem a sua doutrina religiosa a candidatos “representantes” de certas igrejas, onde os templos são sagrados e os candidatos, na maioria das vezes não possuem autêntico perfil religioso, e mesmo que, se tivessem, não usariam a igreja para tal serviço.
Em Jaíba, políticos religiosos obtiveram 1.381 votos nas eleições deste mês, sendo votados candidatos como: Pastor Vanderlei Miranda, Pastor Franklin Lima (não eleito), Missionário Márcio, Padre João e Eros Biondini.
Contrária ao mercado do voto religioso, a Rede Fale, uma organização não governamental que congrega evangélicos de diferentes igrejas, lançou antes das últimas eleições uma campanha contra essa prática, muito comum em tempos de campanha. E não é para menos. Os evangélicos atualmente, segundo o mais recente censo do IBGE, representam 22% da população brasileira, ou 42,2 milhões de pessoas, um contingente expressivo que pode decidir uma eleição. Além disso, no primeiro turno, a disputa presidencial, dois dos 11 candidatos a presidente, Marina Silva e Pastor Everaldo, são evangélicos.
Batizada de “Diga não ao voto de cajado” – referência ao instrumento usado pelos pastores para tocar animais – o objetivo da campanha é qualificar a participação evangélica nas eleições, estimulando a discussão de temas relacionados ao pleito, e combater o uso da religião como instrumento para obtenção de votos, afirma a secretária-executiva da Rede Fale, Morgana Boostel, 27 anos, psicóloga e fiel da Igreja Batista. “Nosso foco é trabalhar para combater a estratégia de angariação de votos dos membros da igreja como curral eleitoral.”
Segundo ela, a Rede Fale defende o direito a manifestação de fé, garantido pela Constituição, mas também que o espaço religioso não seja usado como trampolim eleitoral. Morgana lembra que essa prática, além de não ser um exemplo da “melhor tradição cristã de participação política”, também é vedada pela legislação eleitoral. Pastores, bispos e também padres são proibidos de fazer propaganda eleitoral em igrejas e templos. Também não é permitida a fixação ou distribuição de material de campanha dentro desses ambientes.

Na avaliação da Rede Fale, um dos perigos para o cristão que deseja atuar politicamente é achar que, por ser “crente”, está abençoado para a política. “Essa é a concepção que leva milhões de brasileiros a votar no ‘pastor’ ou no ‘irmão’ abençoado pelo pastor”. De acordo com Morgana, a campanha contra o voto de cajado está sendo feita nas redes sociais e todo o material de divulgação pode ser acessado na página da entidade.