Em Jaíba religiosos obtiveram 1.381 votos
para deputados estaduais e federais
Uma Organização Não
Governamental (ONG) está fazendo campanha para que os eleitores não vinculem a
sua doutrina religiosa a candidatos “representantes” de certas igrejas, onde os
templos são sagrados e os candidatos, na maioria das vezes não possuem
autêntico perfil religioso, e mesmo que, se tivessem, não usariam a igreja para
tal serviço.
Em Jaíba, políticos
religiosos obtiveram 1.381 votos nas eleições deste mês, sendo votados
candidatos como: Pastor Vanderlei Miranda, Pastor Franklin Lima (não eleito),
Missionário Márcio, Padre João e Eros Biondini.
Contrária ao
mercado do voto religioso, a Rede Fale, uma organização não governamental que
congrega evangélicos de diferentes igrejas, lançou antes das últimas eleições uma
campanha contra essa prática, muito comum em tempos de campanha. E não é para
menos. Os evangélicos atualmente, segundo o mais recente censo do IBGE,
representam 22% da população brasileira, ou 42,2 milhões de pessoas, um
contingente expressivo que pode decidir uma eleição. Além disso, no primeiro
turno, a disputa presidencial, dois dos 11 candidatos a presidente, Marina
Silva e Pastor Everaldo, são evangélicos.
Batizada de “Diga
não ao voto de cajado” – referência ao instrumento usado pelos pastores para
tocar animais – o objetivo da campanha é qualificar a participação evangélica
nas eleições, estimulando a discussão de temas relacionados ao pleito, e
combater o uso da religião como instrumento para obtenção de votos, afirma a
secretária-executiva da Rede Fale, Morgana Boostel, 27 anos, psicóloga e fiel
da Igreja Batista. “Nosso foco é trabalhar para combater a estratégia de
angariação de votos dos membros da igreja como curral eleitoral.”
Segundo ela, a Rede
Fale defende o direito a manifestação de fé, garantido pela Constituição, mas
também que o espaço religioso não seja usado como trampolim eleitoral. Morgana
lembra que essa prática, além de não ser um exemplo da “melhor tradição cristã
de participação política”, também é vedada pela legislação eleitoral. Pastores,
bispos e também padres são proibidos de fazer propaganda eleitoral em igrejas e
templos. Também não é permitida a fixação ou distribuição de material de
campanha dentro desses ambientes.
Na avaliação da
Rede Fale, um dos perigos para o cristão que deseja atuar politicamente é achar
que, por ser “crente”, está abençoado para a política. “Essa é a concepção que
leva milhões de brasileiros a votar no ‘pastor’ ou no ‘irmão’ abençoado pelo
pastor”. De acordo com Morgana, a campanha contra o voto de cajado está sendo
feita nas redes sociais e todo o material de divulgação pode ser acessado na
página da entidade.